Marcha do Cavaleiro

O Cavaleiro é uma aldeia situada no SW Alentejano junto ao Cabo Sardão, freguesia de São Teotónio, concelho de Odemira. Tem como atracções turísticas o Farol do Cabo Sardão, as suas praias desertas e as falésias onde nidificam exclusivamente em todo o mundo espécies como a cegonha branca. Apesar de pouco badalada a aldeia é procurada pela sua pacatez. Tem uma forte ligação ao mar e à terra que têm sido as fontes de inspiração para a Marcha do Cavaleiro.

Em Janeiro de 2007 a Junta de Freguesia de São Teotónio convida o Cavaleiro a organizar uma Marcha Popular para participar no Festival de Mastros de São Teotónio desse ano. Habituados a reunir-se em torno da música e da dança os habitantes do Cavaleiro meteram mãos à obra e, ainda que sem experiência, um grupo multigeracional responsabilizou-se por esta missão. Aproximadamente 30 marchantes reuniram com vista a delinear música, tema, roupa, acessórios e coreografia. Foi fácil escolher o tema, decidiu-se apresentar a nossa aldeia. A letra e música, a cargo de Marcelo Silva, invocavam um povo folião, trabalhador e as belezas que podemos encontrar ao passear pelo Cavaleiro. A coreografia contou com ideias que surgiram entre os marchantes e foi bastante aplaudida. Foi um ano de baixo orçamento que contou com a boa vontade dos marchantes para reunir roupas que tiveram um excelente impacto estético. A Marcha do Cavaleiro saiu à rua nesse ano cerca de 6 vezes, em São Teotónio, em São Luís e na terra mãe, o Cavaleiro.

O bichinho ficou e em 2008 começou-se a organizar a segunda edição desta vez com as atenções viradas à gente que trabalha a terra. Chamados pelo sucesso que tinha sido a 1ª edição houve um aumento dos interessados e o número de marchantes aumentou para cerca de 50. Com a sede do Centro Desportivo e Cultural do Cavaleiro em obras perdemos o nosso local de ensaio mas contámos com a amabilidade de um local que cedeu o espaço que nos serviu de abrigo durante os 3 meses de ensaio. Organizou-se então o 1º Encontro de Marchas Populares do Cavaleiro que reuniu as restantes marchas do concelho (São Luís, Sabóia e São Miguel e Odeceixe). Neste ano já se conseguiu comparticipar na totalidade as roupas femininas, no entanto a farda masculina continuou a contar com a boa vontade dos marchantes. O aumento de marchantes e de popularidade levou também a um aumento dos convites que levaram a Marcha do Cavaleiro a conhecer uma nova terra, Sabóia.

Em 2009 o número de marchantes ultrapassou os 60 contando mesmo com uma participação ainda na barriga da mãe. Voltámos ao mar mas desta vez para apresentar em específico as “Praias do Cavaleiro”. Na coreografia contámos com uma nova ajuda, a Carla Oliveira. Com vista a uniformizar as vestes já se conseguiram comparticipar também túnicas para os homens. Para além dos já habituais convites a marcha levou ainda a sua alegria a Odemira, Odeceixe e Zambujeira do Mar e voltou a organizar o Encontro de Marchas do Cavaleiro.

A ambição levou-nos mais além em 2010 em todos os sentidos. Desde logo a temática não se restringiu ao Cavaleiro e decidiu homenagear todo o Alentejo desde a sua cultura às suas gentes. A música contou agora com a autoria de Estela Silva e a letra de Marcelo Silva revelou-se um verdadeiro poema ao Alentejo. A coreografia mostrou passos de ousadia e os adereços nasceram das mãos de criativos que produziram algo totalmente novo. As roupas inspiraram-se meticulosamente na traça do Monte Alentejano e nas searas salpicadas de papoilas, mais que isso, finalmente se conseguiu uniformizar a roupa da marcha de homens a mulheres, da cabeça aos pés. As crianças tiveram também um papel mais activo acompanhando a coreografia do princípio ao fim. Tudo previa que fosse este o ano de afirmação da Marcha do Cavaleiro. Incrivelmente conhecemos ainda mais terras, Vila Nova de Milfontes e Almograve. Contámos um total de 10 actuações. A ambição colheu frutos e foi-nos realmente reconhecido o valor, o trabalho e 2010 foi o ano de afirmação da Marcha do Cavaleiro como composta de gente com potencial para, de forma amadora e voluntária, produzir um trabalho de tanta qualidade.

Em 2011 mais um passo. Fomos convidados de Tânia Ribas de Oliveira e João Baião no programa "Portugal no Coração", RTP1, e de Carmen Sofia na Rádio Restauração. O mês de Junho deu continuidade ao sucesso do ano anterior e mais uma vez fomos aplaudidos por todo o concelho e arredores dando a conhecer "A lenda do Cavaleiro".

2012, mais uma grande edição. Saem à rua as cores da "Primavera" num espetáculo marcado por uma coreografia inovadora, figurino e adereços renovados. O Município de Odemira oficializa o apoio às Marchas Populares do concelho sob a forma do Festival de Marchas Populares, um espetáculo itinerante que percorre o concelho durante o mês de Junho.

O ex-líbris do Cabo Sardão foi homenageado em 2013. "O Farol do Cabo Sardão" foi o mote para uma edição que versou o imaginário da vida de faroleiro e a importância deste recurso à navegação marítima no ponto mais ocidental do concelho. Tivemos a oportunidade de participar no programa "Somos Portugal" da TVI aquando da sua cobertura ao Festival de Mastros em S. Teotónio.

A "Festa Cigana" foi um tema inesperado mas vencedor em 2014. Um figurino arrojado, coreografia arriscada mas uma alegria ímpar na fantasia sobre as tradições e costumes da cultura cigana.

2015 celebrou a consagração do Cante Alentejano enquanto Património Imaterial da Humanidade. As vestes e adereços interpretaram os trajes das ceifeiras bem como dos grupos tradicionais de cante alentejano.

A 10ª edição chega em 2016 em jeito de festa cantando, dançando e marchando os "10 anos de Marcha do Cavaleiro". São lembradas as restantes edições e todos aqueles que fizeram da Marcha do Cavaleiro aquilo que ela é hoje porque na verdade... não há marcha como esta!

De salientar ainda é a dedicação dos marchantes e colaboradores. Trabalhamos cerca de 10 meses por ano. Cada um dá o melhor de si. Entre as suas vidas profissionais e académicas arranjam tempo para ensaiar, provar roupas e produzir adereços. Os ensaios requerem um enorme compromisso pois, pelo menos uma vez por semana e depois de uma semana de trabalho, nos reunimos para 2 a 3 horas de ensaio para que nada falhe na hora H, a hora em que pretendemos arrancar do público o que nos enche o ego: os aplausos!