Doçaria Almeixar

PALADARES DE HOJE...
MEMÓRIAS DE ANTIGAMENTE...

✫ Se possível fosse recuar no tempo, encontraríamos um Algarve essencialmente rural onde junto a cada casa havia o almeixar. Era o espaço onde se secavam os figos sobe esteiras de funcho ou de cana. Servia também para secar outros frutos e cereais, como por exemplo, o milho.
À procura de um nome para este espaço que desse sentido ao conceito “inovar com produtos tradicionais”, recuei à minha infância e lembrei-me do “almenxar” da minha avó Emília, vedado com lenha de esteva. Veio-me à memória aquele cheiro intenso e doce libertado pelas camadas de figos espalhados nas esteiras sobre o sol quente do Verão. E tive a certeza que esse era o nome certo: almeixar de figos, de amêndoas, de alfarrobas… também de Algarve, Albufeira, Alcantarilha e até de Almeida, que é o nosso nome de família. Tudo herança que os árabes nos deixaram. Almeixar vem do árabe “al-manxar” e aqui pelos Algarves também se diz “almanxar”, “alminxar” ou “almenxaire”. “Doçaria” porque abrange os doces, carinho e empenho que vos queremos dedicar.
Quero com este nome e este espaço homenagear, em geral, as gentes simples deste Algarve de outrora, em que a “apanha” dos frutos secos ou de qualquer outra colheita era sempre motivo de alegria e gratidão à terra, que sempre recompensa quem a trabalha com amor e dedicação. Quero em particular homenagear a minha mãe que dedicou a sua vida às lides do campo e que quando regressava a casa já cansada, cozinhava coisas tão simples mas das quais sinto tantas saudades! Homenageio igualmente o meu pai, que nos seus 84 anos, cultiva tudo o que precisa na sua hortinha, apanha os frutos e faz a sua aguardente de medronho que vai consumindo ao longo do ano. E ainda cozinha divinalmente aqueles comeres do monte que me lembram os sabores da minha infância, como os griséus com batatinhas novas e rodelas de linguiça sobre sopas de pão caseiro, que a minha mãe amassava à mão e cozia no forno de lenha. E como esquecer também o meu mano que me fazia o favor de comer o “gordo” do presunto, a parte que ele preferia, deixando-me a parte magra que era a única de que eu gostava!?
Agradeço à minha filha e à minha nora por estarem comigo neste projeto, ou serei mais eu com elas?… Agradeço ao meu marido por nos ter permitido avançar com este desafio nestes tempos tão difíceis. Conto ainda com o empenho e colaboração dos meus dois filhos. Com a certeza também de que faço tudo isto pensando nas minhas duas netas, no meu neto, assim como nos que hão-de vir, para que conheçam as suas raízes e delas se orgulhem tanto quanto eu me orgulho das minhas.
É com o maior gosto que conto partilhar com todos os clientes os sabores destas tão minhas memórias, pois foi para vós que a Doçaria Almeixar nasceu!
✫ If it was possible to go back in time, we would find essentially a rural Algarve where next to each house would be an “almeixar”. This is the name given to the place where figs were dried over fennel and handmade cane mats. It was also used for drying other fruits and cereals such as corn.

Whilst looking for a name for this place having in mind the concept “innovate by using traditional products”, I went back to the memories of my childhood and remembered the ”almenxar” of my grandmother Emília, fenced by rock rose flower (“esteva”) firewood. To my mind came that sweet and intense smell which was produced by the layers of figs spread out on the mats under the warm summer sun. And I knew this was the right name: figs “almeixar”, almonds “almeixar”, carobs “almeixar”…also the Algarve, Albufeira, Alcantarilha and even Almeida, our surname. All of this is a heritage left by the Arabs. “Almeixar” comes from the Arabic “al-manxar” and here in the Algarve we would say “almanxar”, “alminxar” or “almenxaire”. The word “Doçaria” (Cake Specialties) was used because there are many sweets involved, tenderness and effort that we would like to dedicate to you.

With this name and this place I want to pay tribute, in general, to the humble people of the old Algarve, like when it was time for the harvest of the dried fruits or any other harvest it was always a good reason for happiness and gratefulness to mother earth who always compensates those who work with love and dedication. I also want to pay tribute especially to my mother who dedicated her entire life to the work in the country side and even when she got home tired she would cook very basic food which I miss so much! Nevertheless I also want to pay tribute to my father who with his 84 years of age still cultivates everything he needs in his vegetable garden, picks the fruits himself and makes his own firewater called “medronho” which he drinks during the year. He still cooks those divine dishes from the mountains which remind me of the tastes of my childhood such as peas with new potatoes and slices of homemade sausages with homemade bread which my mother would knead by hand and it would be baked in a wood burning oven. And how could I forget my brother who would do me the favour of eating the white parts of the dried ham and leaving the tender parts for me which were the only ones I liked.

I would like to thank my daughter and my daughter-in-law for supporting me in this project, or is it the other way around? I thank my husband for backing me up to go ahead with this challenge in these difficult times. Nevertheless I’m also counting on the help and collaboration of my two sons. Certainly I’m also embracing this new project thinking of my grandchildren and of those who are still to come; this way they will get to know their roots and can be proud of them as much as I’m proud of mine.

It is with great pleasure that I hope to share with my clients the tastes of my memories, because you are the reason for the “Almeixar Cake Specialties”.