HISTÓRIA
Entre 1564 e 1570, o cardeal D. Henrique, então Arcebispo de Lisboa, criou seis paróquias a partir da de Santa Justa, entre elas a de Sant'Ana, tendo como sede a igreja do Mosteiro de Santa Ana das Religiosas da Ordem Terceira de São Francisco. Com o andar dos tempos e o aumento da população, reconheceu-se a exiguidade do espaço da igreja conventual para sede da paróquia. Além disso, foram crescendo os desgostos e dissabores entre as Religiosas do Mosteiro e os fregueses Irmãos do Senhor, os quais se deram por obrigados a fabricar nova igreja, escolhendo para ela sitio bem vizinho à igreja das Religiosas, Da qual se despediram, mudando o Senhor com uma procissão em 25 de Março, dia da Encarnação (…), no ano de 1705, dando à nova igreja e freguesia a inovação de Nossa Senhora da Pena (...). Este foi o nome que lhe deu o bispo de Bona Provizor quando a veio benzer, antes de a Irmandade do Santíssimo Sacramento para ela transmigrar a sua fábrica. Na sua construção e decoração trabalharam, entre outros os seguintes artistas: Claude Laprade (talha do retábulo e trono da capela-mor), Domingos da Costa e Silva (talha das molduras das ilhargas da capela-mor e dos altares laterais da nave), Santos Pacheco (talhas da nave), Jerónimo da Silva (telas da capela-mor e algumas telas da nave), André Gonçalves e João Nunes de Abreu (algumas telas da nave), António Lobo (pintura inicial do teto) e Pedro Alexandrino (retoque da pintura central do teto, no pós-terramoto, tela representando a Ceia na Capela do Santissimo Sacramento , entre outras telas avulsas)
Em resultado do sismo de 1755, a igreja paroquial sofreu danos na fronteira e no seu interior, caindo os remates das torres (sepultando algumas pessoas que fugiam para o adro) e o teto. Dado que a igreja não sofreu incêndio, a traça primitiva foi mantida e a reedificação imediatamente empreendida.
Os trabalhos de reedificação e a reedecoração da Igreja prolongaram-se até 1793, mas foi possível reabrir o templo ao culto em 1763.
Entre 1755 e 1763 a paróquia esteve sediada, sucessivamente no colégio de S. Antão dos jesuítas (hoje Hospital de S. José), na Ermida dos Perdões do Palácio Mitelo.
O templo sofreu obras de beneficiação e conservação em 1833, 1889, 1903, 1968 e 1988.
Entre 1962 e 1966 foi construída uma cave sob a igreja para nela se instalarem três capelas mortuárias, em apoio à que fora construída em 1954 no espaço da antiga sacristia.
VISITA
A Igreja da Pena está situada no cimo da Calçada de Sant’Ana, próximo do Instituto Bacteriológico Câmara Pestana, construído no local do antigo Mosteiro de Santa Ana, e da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, ao Campo dos Mártires da Pátria.
A fachada da igreja é simples. O seu corpo central, com três janelões, termina por um frontão híbrido, de remate triangular. Nele avulta o elegante portal tardo-barroco, cujo tímpano abriga um delicado busto de Nossa Senhora, em medalhão oval.
O corpo da Igreja é de uma só nave de planta retangular, sem transepto. Os alçados laterais da nave compreendem três arcos equidistantes, encimados por tribunas iluminantes. Cada um destes arcos abriga um altar, sendo que o terceiro, do lado do Evangelho, dá entrada a uma pequena capela, que foi do Santíssimo Sacramento. Entre o segundo e o terceiro arco de cada lado da nave, defrontam-se os púlpitos de madeira, obras-primas de talha joanina escaiolados de branco, imitando mármore. O espaço aparente da nave é ampliado cenograficamente por um teto abaulado, de madeira de quatro panos, pintado com uma composição monumental de perspetivas arquitetónicas sobreposta em andares, com colunas, varandas de balaústres, entablamentos e flores, onde brincam pequenos anjos, os cantos estão ocupados com quatro evangelistas e, ao centro, a Coroação de Nossa Senhora.
Quem entrar pela primeira vez na Igreja da Nossa Senhora da Pena será imediatamente atraído pelos brilhos dourados da talha joanina da capela-mor (anterior ao terramoto de 1755) e pelo teto da nave. Das grandes capelas-mor joaninas, a da Nossa Senhora da Pena, de dimensões relativamente modestas, é das mais belas e bem proporcionadas.