Queijadas de Vila Franca do Campo da Família Câmara

Queijadas de Vila Franca do Campo

As Queijadas de Vila Franca do Campo, mais conhecidas por Queijadas da Vila - localidade onde há séculos, reza a tradição tiveram a sua origem, mais exatamente adentro das vetustas paredes do Convento de S. André onde o engenho concebeu e a perícia manual das religiosas professas de então manipulou e deu vulto, continuam a ser o doce micaelense por excelência e um dos mais famosos dos Açores.
Não sabemos ao certo como e quando a primitiva receita galgou as paredes conventuais e se difundiu no seio da população vila-franquense. O que sabemos é que nem toda a semente esparsa beneficia da fecundidade do mesmo torrão - uma medra; outra estiola e acaba por morrer.
Ora, nos tempos antigos, a escrita e a leitura só estavam ao alcance de minorias privilegiadas, duns quantos felizardos que bem podiam ser apontados ao dedo. Por isso; as gentes desses remotos tempos, na sua maioria, só quase se serviam da via oral na transmissão de conhecimentos o que muitas vezes dava azo a que incorressem em faltas de veracidade. Quase sempre a fonte, nessas circunstâncias, não era merecedora de crédito e daí, presumimos, a origem do provérbio: - "Quem conta um conto aumenta-lhe um ponto".
Nesta linha de atuação foram aparecendo, no decorrer dos anos, fórmulas diferenciadas de fabrico de queijadas, sendo, no entanto, evidente que, algumas delas, apesar de manterem as características iniciais tal qual foram concebidas e graças a uma ânsia de aperfeiçoamento do produto por parte dos respetivos artesãos, beneficiaram, ainda daquele mágico toque de mestre e ganharam, por conseguinte, o requinte, a primazia, uma certa personalidade que as faz, a pouco e pouco, distanciar das suas congéneres.
Contudo, a confeção das Queijadas da Vila nunca foi tarefa fácil, pois sempre exigiu trabalho árduo, perseverança e arte. Esses são, também, os ingredientes sem os quais a feitura da queijada não poderá alcançar nunca o êxito pretendido.
E foi assim que, no decurso das primeiras duas décadas deste século e após várias vicissitudes, três famílias oriundas de Vila Franca do Campo, ciosas da sua velha casta, fiéis aos seu ideal bairrista, teimaram em dar continuidade ao longo traço de união entre o passado e o presente e conseguiram, à semelhança da semente que cai em terreno fértil, produzir, por fim, frutos apetitosos, perpetuando com total agrado gastronómico a tipicidade de tais primícias, no campo da doçaria tradicional. Trata-se pois, das famílias de, Glória Arruda; irmãs Raulinas e Torcato da Câmara.
As primeiras duas desapareceram na voragem do tempo sem deixarem descendentes que continuassem, na labuta diária, a imortalizar os seus nomes. Quis o destino que só a última perdurasse até aos dias de hoje, na 3ª Geração, que continua a não desmerecer os louros herdados, honrando, assim, a memória dos seus progenitores.

Fique convicto que as Queijadas da Vila da Família Câmara são um produto de refinada qualidade, até à presente data inigualável. É um doce "sui generis" quer pelo seu requintado paladar quer pela sua peculiar e aprimorada confeção - fruto de uma aturada dedicação, laboriosa e porfiada experiência da Família Câmara ao longo de oito décadas, sempre com o desejo inabalável de bem servir.